EGP Entrevista: Finanças Sustentáveis

Amigos e amigas do Ementário, as Finanças Sustentáveis representam um novo paradigma na relação entre o sistema financeiro e o crescimento econômico considerando os cada vez mais urgentes e comentados aspectos ambientais, sociais e de governança. O setor público brasileiro terá um papel-chave nessa temática nos próximos anos. Pensando nisso, convidamos a Professora, Doutora e servidora pública Viviane Helena Torinelli* para uma entrevista especial. As perguntas foram feitas pelo Professor, Mestrando e servidor público Dalmo Palmeira.

* As respostas aqui fornecidas representam entendimento pessoal, não institucional.

Conceito

 

Dalmo Palmeira- Recentemente têm surgido diversos conceitos relativos a temas ligados ao meio ambiente e, por vezes, podemos nos confundir com tantas novas informações e tantos novos conceitos. Assim, qual a definição de Finanças Sustentáveis e qual é a importância dos princípios ESG nesse contexto?

Viviane Torinelli- De maneira simples, finanças sustentáveis envolvem o direcionamento de recursos financeiros para um desenvolvimento sustentável, entendendo-o como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”[1].

Segundo a Comissão Europeia[2], as finanças sustentáveis referem-se ao processo de ter em conta considerações ambientais, sociais e de governança (ASG, ou ESG em inglês) na tomada de decisões de investimento no setor financeiro, conduzindo a investimentos mais a longo prazo em atividades e projetos econômicos sustentáveis. As considerações ambientais podem incluir a atenuação e a adaptação às alterações climáticas, bem como o ambiente de forma mais ampla, por exemplo, a preservação da biodiversidade, a prevenção da poluição e a economia circular. As considerações sociais podem referir-se a questões de desigualdade, inclusão, relações laborais, investimento nas pessoas e nas suas competências e comunidades, bem como questões de direitos humanos. A governança das instituições públicas e privadas – incluindo as estruturas de gestão, as relações com os trabalhadores e a remuneração dos executivos – desempenha um papel fundamental para garantir a inclusão de considerações sociais e ambientais no processo de tomada de decisão.

Para os excelentes pesquisadores nacionais Cunha, Meira e Orsato (2021)[3], finanças sustentáveis é a gestão de recursos financeiros e investimentos com o objetivo de promover impactos sociais e ambientais duradouros, positivos e mensuráveis.

Podemos entender então que Finanças Sustentáveis, no âmbito corporativo, referem-se à prática de conduzir as empresas de forma a considerar não apenas o objetivo tradicional de maximizar o lucro financeiro, mas também o impacto social e ambiental de suas atividades. Isso envolve integrar considerações ESG em todas as decisões financeiras e estratégicas.

Ao incorporar os fatores ESG de forma estratégica na gestão, inclusive nas finanças, as empresas podem alcançar vários objetivos:

  1. Mitigação de Riscos: Considerar fatores ESG ajuda as empresas a identificar e mitigar riscos associados a práticas insustentáveis. Isso pode incluir riscos regulatórios, riscos relacionados à reputação e riscos ligados a mudanças climáticas.
  2. Acesso a Capital: Investidores, empréstimos e financiadores estão cada vez mais direcionando recursos para empresas com práticas sustentáveis. A devida gestão ESG pode facilitar o acesso a capital a custos mais baixos.
  3. Atração de Talentos: Muitos funcionários valorizam trabalhar em empresas socialmente responsáveis. Portanto, o alinhamento ESG pode ajudar na atração e retenção de talentos.
  4. Inovação e Eficiência: A consideração dos aspectos ESG pode incentivar a inovação em processos e produtos, levando a maior eficiência operacional.
  5. Satisfação do Cliente: Os consumidores estão cada vez mais preocupados com questões ESG. Empresas que atendem a essas preocupações podem aumentar a satisfação do cliente e a lealdade à marca.
  6. Licença para Operar: Atender às expectativas da comunidade e da sociedade em geral é fundamental para manter a licença para operar em determinadas regiões e setores.

Em resumo, Finanças Sustentáveis envolvem a integração dos fatores ESG nas decisões financeiras para promover a sustentabilidade a longo prazo. Isso não apenas ajuda a gerenciar riscos, mas também pode criar oportunidades de crescimento e melhorar o desempenho financeiro global da empresa.

Impacto

 

DP – Já existe um certo consenso de que as mudanças climáticas em andamento têm um forte componente relacionado à ação humana, quer seja pelo comportamento dos indivíduos, quer seja pelos processos produtivos das empresas. Como as Finanças Sustentáveis podem contribuir para a mitigação das mudanças climáticas e outros desafios ambientais?

VT- As Finanças Sustentáveis desempenham um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas e na abordagem de outros desafios ambientais. Aqui estão várias maneiras pelas quais elas podem contribuir:

  1. Financiamento de Tecnologias Sustentáveis: Empresas podem usar as Finanças Sustentáveis para direcionar o financiamento para tecnologias e práticas que reduzam as emissões de carbono e minimizem o impacto ambiental. Isso inclui investimentos em energias renováveis, eficiência energética e transporte limpo.
  2. Avaliação de Riscos Climáticos: As Finanças Sustentáveis incorporam a avaliação de riscos climáticos, permitindo que as empresas identifiquem e mitiguem os impactos financeiros das mudanças climáticas, como eventos climáticos extremos, regulamentações mais rigorosas e transição para uma economia de baixo carbono.
  3. Engajamento com Stakeholders: As empresas podem usar essas finanças para se envolverem com partes interessadas, como acionistas, clientes e comunidades, para entender e responder às preocupações ambientais. Isso pode incluir o desenvolvimento de estratégias de negócios mais sustentáveis em resposta às demandas dos investidores.
  4. Relatórios Transparentes: As Finanças Sustentáveis incentivam a prestação de contas e a transparência na divulgação de informações sobre desempenho ambiental. Relatórios claros e precisos permitem que os investidores e partes interessadas avaliem o impacto ambiental de uma empresa.
  5. Acesso a Capital Verde: Há um crescente mercado de títulos verdes e investimentos sustentáveis. Empresas que incorporam práticas sustentáveis podem acessar capital verde mais facilmente e a custos mais baixos.
  6. Inovação Tecnológica: A busca por soluções sustentáveis muitas vezes leva à inovação tecnológica. Empresas que adotam práticas sustentáveis podem se tornar líderes em seus setores, impulsionando a inovação e criando vantagens competitivas.
  7. Cumprimento de Regulamentações: Com a crescente regulamentação relacionada às mudanças climáticas e ao meio ambiente, as Finanças Sustentáveis ajudam as empresas a garantir que estão em conformidade com as leis e regulamentações relevantes.
  8. Atração de Investidores: Investidores conscientes de questões ambientais estão cada vez mais interessados em empresas com sólido alinhamento à agenda da sustentabilidade, atenta aos fatores ESG. Isso pode atrair investimentos e impulsionar o crescimento da empresa.

Em resumo, as Finanças Sustentáveis não apenas podem contribuir para a mitigação das mudanças climáticas, mas também abordam uma série de desafios ambientais. Elas proporcionam às empresas uma estrutura para incorporar considerações ambientais em suas operações financeiras, alinhando assim os interesses comerciais com a proteção do meio ambiente e a sustentabilidade a longo prazo.

DP- Até pouco tempo, a tomada de decisão de investimento sempre levou em conta duas variáveis, a rentabilidade esperada dos investimentos e seu risco. A inclusão do impacto social ou ambiental nas decisões de negócios tem levado efetivamente à priorização de projetos que anteriormente não seriam escolhidos?

VT-A inclusão da análise de risco socioambiental nas decisões de negócios, complementada pela análise de impacto social e ambiental, está influenciando a forma como as empresas priorizam projetos de investimento. Importante distinguir aqui que gestão de impacto vai além de gestão de risco, e inclui considerações sobre o efeito das empresas no mundo real, as suas interferências no meio. Uma das formas de se mensurar impacto é verificar alinhamento com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), definidos no âmbito da ONU. De forma ampla, a gestão de risco socioambiental e de impacto positivo no meio refletem a mudança em direção às Finanças Sustentáveis e a consideração de fatores ESG na tomada de decisão de investimento. Aqui estão algumas maneiras pelas quais isso está acontecendo:

  1. Avaliação Ampliada de Risco e Retorno: As empresas agora avaliam não apenas o retorno financeiro esperado, mas também os riscos financeiros, ambientais e sociais associados a um investimento. Isso pode levar à rejeição de projetos que, embora possam ter bons retornos financeiros, também apresentam riscos significativos para o meio ambiente ou questões sociais.
  2. Atendimento às Demandas dos Investidores: Investidores conscientes de questões ESG estão pressionando as empresas a incorporarem considerações ambientais e sociais em suas decisões de investimento. Isso pode influenciar as empresas a priorizar projetos alinhados com esses critérios para atrair investimento.
  3. Regulamentações e Normas: Muitas jurisdições estão implementando regulamentações que incentivam ou exigem a consideração de fatores ESG nas decisões de investimento. Empresas que não seguem essas diretrizes podem enfrentar penalidades ou restrições.
  4. Reputação e Sustentabilidade a Longo Prazo: As empresas percebem que considerar questões ambientais e sociais pode melhorar sua reputação, aumentar a satisfação do cliente e garantir a sustentabilidade a longo prazo. Projetos que contribuem positivamente para a sociedade e o meio ambiente podem ser vistos como investimentos mais seguros.
  5. Acesso a Capital Verde: O mercado de títulos verdes e investimentos sustentáveis está em crescimento. Empresas que priorizam projetos alinhados com critérios ESG podem acessar financiamento verde mais facilmente e a custos mais baixos.
  6. Tendências do Consumidor: À medida que os consumidores se tornam mais conscientes das questões ambientais e sociais, as empresas estão priorizando projetos que atendam a essas preocupações. Isso pode incluir a oferta de produtos e serviços sustentáveis.
  7. Inovação: A busca por soluções sustentáveis muitas vezes leva à inovação. Projetos que abordam questões ambientais e sociais podem gerar inovações tecnológicas que têm potencial para se tornar líderes de mercado.

Portanto, a gestão de risco socioambiental e a inclusão do impacto social e ambiental nas decisões de negócios está levando à priorização de projetos que anteriormente não seriam escolhidos, pois as empresas reconhecem a importância de uma abordagem mais holística e sustentável para o investimento. Essa mudança reflete uma compreensão crescente de que o sucesso financeiro a longo prazo está cada vez mais ligado ao sucesso social e ambiental.

DP-Recentemente tivemos no Brasil alguns desastres ambientais muito graves. O rompimento das barreiras de Mariana e de Brumadinho, há alguns anos, bem como o afundamento, recentemente, de um bairro em Maceió são exemplos de impactos ambientais gerados pela ação empresarial. De que forma a observância dos princípios de Finanças Sustentáveis pelas empresas em geral pode ajudar a evitar esses tipos de acidente no futuro? A ocorrência desses acidentes pode significar que as empresas envolvidas nesses acidentes não estavam respeitando os princípios ESG?

VT- Em termos de princípios, vale destacar aqui os seis princípios que norteiam os signatários do PRI[4], iniciativa líder no mundo para essa agenda de investimento responsável, com 4 mil signatários, responsáveis pela gestão de US$ 120 trilhões em ativos (AUM):

Princípio 1: Incorporaremos questões ESG na análise de investimentos e nos processos de tomada de decisão.

Princípio 2: Seremos proprietários ativos e incorporaremos questões ESG em nossas políticas e práticas de propriedade.

Princípio 3: Procuraremos a divulgação adequada sobre questões ESG por parte das entidades nas quais investimos.

Princípio 4: Promoveremos a aceitação e implementação dos Princípios na indústria de investimento.

Princípio 5: Trabalharemos juntos para aumentar a nossa eficácia na implementação dos Princípios.

Princípio 6: Cada um de nós apresentará um relatório sobre as nossas atividades e o progresso na implementação dos Princípios.

A observância desses princípios, em um espectro amplo de Finanças Sustentáveis pelas corporações, pode desempenhar um papel significativo na prevenção de desastres ambientais como os mencionados, como os rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho, bem como o afundamento em Maceió. Aqui estão alguns exemplos de como a observância desses princípios pode ajudar a evitar tais acidentes no futuro:

  1. Gestão Responsável de Ativos: As empresas sustentáveis, atentas aos fatores ESG, geralmente adotam práticas rigorosas de gestão de ativos. Isso inclui a manutenção regular e a monitorização de infraestruturas críticas, como barragens e instalações industriais. A gestão responsável de ativos ajuda a evitar falhas catastróficas.
  2. Avaliação de Riscos ESG: Empresas comprometidas com ESG realizam avaliações abrangentes dos riscos associados às suas operações, incluindo riscos ambientais. Isso permite identificar potenciais problemas antes que eles se tornem desastres.
  3. Transparência e Prestação de Contas: Empresas são incentivadas a relatar suas práticas ambientais e sociais de forma transparente. Isso aumenta a prestação de contas e pode levar a uma identificação mais rápida de problemas e riscos.
  4. Engajamento com as Partes Interessadas: A interação regular com partes interessadas, como comunidades locais e ONGs ambientais, ajuda as empresas a entender as preocupações e expectativas desses grupos. Isso pode levar a mudanças operacionais e de segurança.
  5. Conformidade Legal: Empresas comprometidas com ESG tendem a cumprir rigorosamente as leis e regulamentos ambientais. O cumprimento da legislação ambiental é essencial para evitar multas e, mais importante, prevenir desastres.
  6. Acesso a Capital Responsável: Investidores e instituições financeiras estão direcionando cada vez mais seu capital para empresas que demonstram um forte compromisso com a sustentabilidade e a gestão de riscos. Isso incentiva as empresas a adotar práticas mais responsáveis.
  7. Incentivo à Inovação e Tecnologia: Empresas comprometidas com ESG podem estar mais dispostas a investir em tecnologias e inovações que melhorem a segurança e reduzam os riscos ambientais em suas operações.

A ocorrência desses desastres ambientais indica que ainda há uma longa estrada a ser percorrida pelas empresas rumo a um modelo de gestão mais responsável e sustentável. Mesmo empresas tidas como as melhores em práticas de sustentabilidade do seu setor apresentam falhas graves de alinhamento com a pauta ESG. A gestão de riscos ambientais e o aprimoramento da transparência são pontos críticos e urgentes a serem endereçados.

Métricas

 

DP- William Deming já nos ensinou que não temos como gerir aquilo que não medimos. Nesse sentido, em relação aos novos padrões de sustentabilidade, quais são as métricas mais importantes para avaliar a sustentabilidade de uma empresa, especialmente no que diz respeito ao ESG?

VT- Medir e quantificar o desempenho das empresas em relação aos padrões de sustentabilidade/ ESG é fundamental para avaliar e aprimorar seu compromisso com a sustentabilidade. Destaca-se o International Sustainability Standards Board (IFRS ISSB) como principal referência, além das normas brasileiras (ex: BCB[5], CVM[6] e Circular 666/2022 da Susep), mas aqui estão referências adicionais para métricas ESG:

Métricas Ambientais:

  1. Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE): Mede as emissões de carbono da empresa e seu compromisso com a redução dessas emissões. O Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG Protocol) é uma das principais referências globais para medir emissões de GEE.
  2. Consumo de Energia: Avalia a eficiência energética e o uso de fontes de energia renovável. O Global Energy Efficiency and Renewable Energy Fund (GEEREF) é um exemplo que oferece diretrizes para medição e relatório de consumo de energia.
  3. Uso de Água: Monitora o consumo de água e as práticas de conservação. O CDP (anteriormente conhecido como Carbon Disclosure Project) solicita informações sobre uso de água em seus questionários de divulgação de dados ambientais.
  4. Gestão de Resíduos: Avalia como a empresa trata e reduz os resíduos produzidos. Os padrões de relatório do Sustainability Accounting Standards Board (SASB) incluem métricas relacionadas à gestão de resíduos em várias indústrias.
  5. Biodiversidade: Mede o impacto das operações da empresa na biodiversidade e as ações para protegê-la. A Plataforma de Métricas de Biodiversidade (BMP, na sigla em inglês) e o Grupo de Trabalho sobre Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza (TNFD, em inglês) são referências para orientar a gestão do impacto na biodiversidade pelas empresas.

Métricas Sociais:

  1. Diversidade e Inclusão: Avalia a representação de grupos diversos na empresa, incluindo gênero, raça e origem étnica. Os padrões de relatório do SASB e os princípios da Iniciativa de Diversidade, Igualdade e Inclusão do Fórum Econômico Mundial podem ser usados para medir a diversidade e a inclusão.
  2. Segurança no Trabalho: Mede acidentes de trabalho e práticas de segurança. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) fornece diretrizes e padrões para medir a segurança no trabalho.
  3. Bem-estar dos Funcionários: Avalia a satisfação dos funcionários, programas de bem-estar e benefícios. A pesquisa de satisfação dos funcionários e métricas como o Índice de Felicidade no Trabalho (Happiness at Work Index) podem ser usadas.
  4. Impacto na Comunidade: Avalia o envolvimento da empresa em iniciativas comunitárias e seu impacto positivo. Os princípios da ISO 26000 oferecem orientações sobre a avaliação do impacto das empresas nas comunidades.
  5. Ética Empresarial: Monitora casos de má conduta, corrupção e conformidade com padrões éticos. Os princípios do Pacto Global das Nações Unidas e os padrões do Instituto de Auditores Internos (IIA) podem ser aplicados.

Métricas de Governança:

  1. Conselho de Administração: Avalia a independência e diversidade do conselho. O código de governança corporativa do país onde a empresa está listada, como o Código Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), pode fornecer orientações sobre a composição do conselho.
  2. Estrutura de Remuneração: Examina a relação entre a remuneração dos executivos e o desempenho da empresa. O Código de Governança Corporativa da OCDE oferece diretrizes sobre remuneração de executivos.
  3. Transparência e Divulgação: Mede a qualidade das divulgações financeiras e de ESG. As diretrizes da Iniciativa Global de Relatórios (GRI) podem ser usadas para melhorar a transparência e a divulgação.
  4. Gestão de Riscos: Avalia como a empresa identifica e gerencia riscos, incluindo riscos ESG. Os Padrões de Divulgação de Riscos do TCFD (agora incorporados pelo ISSB) fornecem orientações sobre a divulgação de riscos climáticos.
  5. Ética nos Negócios: Verifica a conformidade com regulamentos e normas éticas nos negócios. O Código de Ética e Conduta Empresarial da empresa e os padrões de relatórios de conformidade, como o ISO 19600, são relevantes.

É importante observar que a escolha das métricas específicas dependerá da indústria, do setor e das metas da empresa em relação à sustentabilidade. Empresas podem adotar várias estruturas e padrões para medir seu desempenho ESG, dependendo de sua abordagem e das expectativas de seus stakeholders. Além das referências acima, as orientações regulatórias e de mercado também podem influenciar as métricas ESG a serem usadas. Portanto, é fundamental que as empresas selecionem as métricas mais relevantes e aplicáveis ao seu contexto.[7]

DP-Um risco inerente a qualquer processo de gestão da mudança, em ambiente corporativo, é que os novos padrões sejam um tema restrito a um grupo especializado dentro da empresa e que esses novos padrões não se incorporem aos processos que representam a dinâmica empresarial. Como as métricas ESG são (ou podem ser) integradas às análises de risco e de retorno (financeiro ou não) das empresas que adotam os princípios de Finanças Sustentáveis?

VT- Aqui estão maneiras de como as métricas ESG podem ser integradas de forma abrangente:

  1. Comprometimento da Alta Administração: Começa com o comprometimento da alta administração em relação à gestão dos fatores ESG e à integração dessas métricas nas estratégias de negócios. A liderança deve comunicar claramente o valor e a importância da sustentabilidade em toda a organização.
  2. Integração em Processos de Tomada de Decisão: As métricas ESG devem ser incorporadas aos processos de tomada de decisão em toda a organização. Isso significa que as análises de risco e de retorno devem incluir considerações ESG, garantindo que as implicações financeiras e não financeiras sejam avaliadas.
  3. Educação e Treinamento: É fundamental fornecer treinamento e educação em ESG para funcionários em todos os níveis da organização. Isso ajudará a criar uma compreensão compartilhada da gestão sustentável, atenta aos fatores ESG, e de como eles se relacionam com as funções e responsabilidades de cada equipe.
  4. Integração de Métricas ESG em Sistemas e Ferramentas: As empresas podem integrar métricas ESG em sistemas de coleta e análise de dados, tornando mais fácil a obtenção e análise de informações relevantes. Isso também pode incluir o desenvolvimento de dashboards ESG.
  5. Comunicação Interna e Externa: É importante comunicar de forma eficaz os esforços e o progresso em relação às métricas ESG, tanto internamente quanto externamente. Isso ajuda a promover a transparência e o comprometimento dos stakeholders.
  6. Incentivos Alinhados: Os sistemas de incentivos e remuneração dos funcionários devem estar alinhados com os objetivos ESG da empresa. Isso pode incluir a inclusão de metas ESG nas avaliações de desempenho e remuneração variável.
  7. Avaliação de Fornecedores e Parceiros: Além de olhar para dentro da organização, as empresas também podem integrar métricas ESG na avaliação de fornecedores e parceiros de negócios. Isso ajuda a promover práticas sustentáveis em toda a cadeia de suprimentos.
  8. Monitoramento e Relatórios Regulares: Estabelecer processos contínuos de monitoramento e relatórios de métricas ESG é essencial para garantir a consistência e o progresso ao longo do tempo.
  9. Integração de ESG na Cultura Corporativa: Finalmente, a cultura corporativa deve refletir os valores ESG, incentivando a responsabilidade e ação responsável em todos os aspectos das operações da empresa.

Ao seguir essas estratégias, as empresas podem garantir que as métricas ESG sejam integradas de forma abrangente em suas operações e processos de tomada de decisão, em vez de serem restritas a um grupo especializado. Isso ajuda a promover a sustentabilidade como parte fundamental da cultura e estratégia empresarial.

 

 

 

 

Controle Social

 

DP-Em todo tema que envolve algum esforço para produzir mudanças nos processos produtivos, existe sempre a possibilidade de alguns atores buscarem demonstrar que estão cumprindo os novos requisitos, mesmo quando ainda estão com dificuldades para cumprir esses novos padrões. Como os investidores, clientes e a sociedade em geral podem acompanhar e verificar os esforços e as realizações de implementação dos princípios de Finanças Sustentáveis pelas empresas com as quais se relacionam?

VT- Para acompanhar e verificar os esforços e realizações de implementação de uma gestão sustentável pelas empresas, subsidiada pelas Finanças Sustentáveis, investidores, clientes e a sociedade em geral podem adotar várias estratégias e ferramentas. Aqui estão algumas maneiras eficazes de fazer isso:

  1. Relatórios de Sustentabilidade: As empresas que adotam práticas sustentáveis geralmente divulgam relatórios de sustentabilidade detalhados. Esses relatórios destacam suas iniciativas, metas, desempenho e progresso em relação a questões ESG. Os investidores e outros stakeholders podem revisar esses relatórios para avaliar o comprometimento da empresa com a sustentabilidade.
  2. Padrões de Relatórios ESG: Organizações e iniciativas como GRI, ISSB, SASB, TCFD etc desenvolveram métricas e padrões de relatórios ESG. Os investidores podem avaliar se as empresas estão seguindo esses padrões ao analisar seus relatórios.
  3. Índices e Classificações ESG: Existem índices de sustentabilidade, como o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3)[8], Índice Carbono Eficiente (ICO2 B3), Índice de diversidade B3 (IDIVERSA B3), Índice GPTW B3 (IGPTW B3), Dow Jones Sustainability Index (DJSI), FTSE4Good etc, que classificam empresas com base em seus desempenhos ESG. Os investidores podem usar os índices para identificar empresas comprometidas com a sustentabilidade.
  4. Classificações de Agências de Rating: Agências de rating, como Moody’s, S&P e Fitch, começaram a incorporar métricas ESG em suas avaliações de crédito. Isso permite que os investidores avaliem o risco ESG associado a empresas e títulos.
  5. Engajamento com Stakeholders: Investidores e clientes podem se envolver diretamente com empresas por meio de diálogos, petições ou votação em assembleias gerais de acionistas. Isso pressiona as empresas a melhorarem seu desempenho ESG e aumenta a transparência.
  6. Terceiros Especializados: Existem consultorias e empresas especializadas em avaliar práticas ESG das empresas. Investidores e clientes podem recorrer a esses terceiros para análises independentes.
  7. Redes e Comunidades: Participar de redes e comunidades dedicadas à sustentabilidade, como o Pacto Global da ONU ou organizações semelhantes, permite que os stakeholders compartilhem informações e recursos sobre práticas sustentáveis.
  8. Notícias e Mídia Especializada: Acompanhar notícias e fontes de mídia especializada em sustentabilidade oferece informações sobre o desempenho e as iniciativas ESG das empresas.
  9. Ações de Monitoramento Ativo: Investidores podem adotar estratégias de monitoramento ativo, pressionando as empresas em que investem para melhorar suas práticas ESG por meio de propostas de acionistas e votações em assembleias.
  10. Plataformas de Investimento ESG: Plataformas de investimento ESG, como fundos de investimento socialmente responsáveis (SRI) e ETFs ESG, são geridas de acordo com critérios sustentáveis e podem ajudar os investidores a alinhar seus valores com seus investimentos.

Ao usar essas estratégias e ferramentas em conjunto, investidores, clientes e a sociedade em geral podem acompanhar e verificar os esforços e realizações das empresas na implementação das Finanças Sustentáveis, contribuindo para uma maior responsabilidade e transparência nas práticas empresariais.

Reflexo Econômico

 

DP- Algo que tem sido anunciado é que os novos padrões de sustentabilidade devem gerar benefícios não só para o planeta, mas também para as próprias empresas que os adotarem. De que forma a implementação dos princípios de Finanças Sustentáveis pode afetar o desempenho financeiro e/ou de desenvolvimento estratégico das empresas no longo prazo?

VT- A implementação das Finanças Sustentáveis pode afetar positivamente o desempenho financeiro e o desenvolvimento estratégico das empresas no longo prazo de várias maneiras:

  1. Acesso a Capital: Empresas com sólidos compromissos ESG muitas vezes têm maior acesso a capital. Investidores, incluindo fundos de pensão e fundos de investimento socialmente responsáveis (SRI), estão direcionando mais recursos para empresas que demonstram responsabilidade social e ambiental. Isso pode resultar em custos de capital mais baixos e maior capacidade de financiar projetos de crescimento.
  2. Redução de Riscos: A adoção de práticas sustentáveis ajuda a reduzir riscos financeiros e legais associados a questões ambientais, sociais e de governança. Isso pode resultar em economia de custos, evitando multas e litígios.
  3. Reputação e Branding: Empresas comprometidas com ESG frequentemente desfrutam de melhor reputação e branding. Isso pode aumentar a lealdade do cliente e atrair consumidores que valorizam empresas socialmente responsáveis.
  4. Inovação e Eficiência: A busca pela sustentabilidade frequentemente leva a inovações que melhoram a eficiência operacional e reduzem os custos de produção. Isso pode melhorar a margem de lucro das empresas.
  5. Atração de Talentos: Empresas que adotam uma gestão sustentável muitas vezes são mais atraentes para talentos qualificados. Funcionários comprometidos com a sustentabilidade podem ser mais engajados e produtivos.
  6. Gerenciamento de Riscos Futuros: A consideração de fatores ESG ajuda as empresas a identificar e se preparar para riscos futuros, como regulamentações ambientais mais rígidas ou mudanças nas preferências do consumidor. Isso aumenta a resiliência a choques potenciais.
  7. Acesso a Mercados Novos e Diferenciados: Empresas sustentáveis muitas vezes têm acesso a mercados novos e diferenciados. Por exemplo, produtos e serviços ambientalmente amigáveis podem atender à demanda crescente por soluções sustentáveis.
  8. Longevidade e Licença para Operar: A adoção de práticas sustentáveis pode contribuir para a longevidade das empresas e garantir a licença para operar em comunidades e mercados.
  9. Atendimento a Requisitos Regulatórios: Conformidade com regulamentações ambientais e sociais em constante evolução pode evitar penalidades e interrupções nos negócios.
  10. Resiliência a Crises: Empresas com práticas sustentáveis tendem a ser mais resilientes a crises, como pandemias ou eventos climáticos extremos.
  11. Atratividade para Investidores de Impacto: Investidores de impacto, que buscam retornos financeiros e sociais, são atraídos por empresas que alinham seus objetivos com a criação de valor social e ambiental.

Em resumo, a implementação das Finanças Sustentáveis não apenas contribui para um mundo mais sustentável, mas também pode ser um impulsionador significativo do sucesso financeiro e estratégico das empresas no longo prazo, criando um ciclo virtuoso de benefícios para as empresas e a sociedade.

Títulos do Tesouro

 

DP-Recentemente o Governo Federal emitiu um lote dos chamados títulos verdes, também denominados de green bonds. Quais foram as características desses títulos, por que eles são importantes, e como eles foram recebidos pelo mercado?

VT- O Tesouro Nacional fez sua primeira emissão sustentável em 2023[9]. Trata-se de captação de recursos financeiros externos via títulos sustentáveis.

Os títulos sustentáveis são uma classe de títulos de renda fixa emitidos por governos, organizações multilaterais, bancos de desenvolvimento e empresas para financiar projetos e atividades com impacto ambiental e social positivo. Embora ambos os termos títulos verdes e títulos sustentáveis sejam por vezes usados de forma intercambiável, a principal diferença está no escopo dos projetos financiados. Títulos verdes se concentram em iniciativas ambientais, como energia limpa e eficiência energética, enquanto títulos sustentáveis podem incluir projetos sociais e ambientais mais amplos.

No caso da emissão soberana brasileira, o governo emitiu títulos sustentáveis, buscando financiamento para projetos e políticas ambientais e sociais. Essa emissão atraiu uma demanda notável, totalizando USD 6 bilhões, mesmo que a emissão fosse de apenas USD 2 bilhões. A maioria dos investidores interessados eram aqueles que adotam critérios ESG em suas estratégias de investimento, com foco em longo prazo e localizados na Europa e América do Norte.

É importante ressaltar que essa demanda significativa demonstra o crescente interesse dos investidores em títulos sustentáveis, refletindo sua busca por oportunidades de investimento alinhadas com critérios ESG. Além disso, as taxas de juros para esses títulos foram consideradas muito atraentes, com uma taxa de 6,5% a.a. Isso coloca esses títulos em um patamar competitivo em comparação com outros títulos de investimento, evidenciando a crescente importância dos aspectos ambientais, sociais e de governança no mercado de renda fixa.

“Com essa taxa de 6,5%a.a., estamos negociando apenas 15 pontos acima de … um título mexicano, que é grau de investimento”, disse uma fonte (Reuters[10]). Isso destaca como os títulos sustentáveis não apenas atraem investidores ESG, mas também podem ser financeiramente atraentes, tornando-os uma opção atraente tanto para investidores como para emissores.

Especificamente sobre os títulos verdes, ou green bonds, vale explicar que são uma classe de títulos de renda fixa emitidos por governos, organizações multilaterais, bancos de desenvolvimento e empresas para financiar projetos e atividades com impacto ambiental positivo. Eles são uma parte importante do mercado de finanças sustentáveis e desempenham um papel fundamental na captação de recursos para iniciativas ambientalmente responsáveis. Abaixo, destaco as principais características e importância dos green bonds (que analogamente se aplicam aos Sustainability Bonds, mas incluindo também a agenda social):

Características dos Green Bonds:

  1. Uso de Recursos: Os recursos arrecadados por meio dos green bonds são estritamente destinados a projetos e atividades com benefícios ambientais claros, como energias renováveis, eficiência energética, transporte limpo, conservação de recursos naturais, entre outros.
  2. Transparência: Os emissores de green bonds são obrigados a relatar detalhadamente como os recursos serão usados e a monitorar e relatar o impacto ambiental dos projetos financiados.
  3. Certificação Independente: Muitas emissões de green bonds são certificadas por terceiros independentes para garantir que atendam a padrões reconhecidos de sustentabilidade.
  4. Padrões Globais: Existem diretrizes e padrões globais, como os Princípios dos Green Bond e as Diretrizes de Emissão de Green Bonds da ICMA (Associação Internacional de Mercados de Capitais), que ajudam a definir o que constitui um green bond.

Importância dos Green Bonds:

  1. Financiamento de Projetos Sustentáveis: Os green bonds fornecem uma fonte importante de financiamento para projetos que contribuem para a transição para uma economia mais sustentável e de baixo carbono.
  2. Engajamento do Setor Privado: Eles incentivam empresas e governos a adotar práticas mais sustentáveis, à medida que buscam financiamento para projetos verdes.
  3. Diversificação de Portfólio: Para investidores, os green bonds oferecem uma maneira de diversificar seus portfólios enquanto investem em iniciativas alinhadas com seus valores ESG (ambientais, sociais e de governança).
  4. Atração de Investidores Responsáveis: Investidores socialmente responsáveis e fundos de investimento ESG são frequentemente atraídos por green bonds, impulsionando a demanda por esses títulos.
  5. Inovação Financeira: A emissão de green bonds promove a inovação financeira, estimulando o desenvolvimento de produtos e soluções financeiras relacionadas à sustentabilidade.

Recepção pelo Mercado:

A recepção dos green bonds pelo mercado tem sido amplamente positiva, acompanhadas também por demanda para os sustainability bonds. Eles têm ganhado popularidade rapidamente, com um aumento significativo no volume de emissões ao longo dos anos. Investidores estão mostrando um interesse crescente em alocar capital em títulos verdes e sustentáveis, à medida que a conscientização sobre questões socioambientais e a importância de investir de forma sustentável aumentam.

No contexto do Governo Federal, a emissão de títulos sustentáveis é uma maneira de captar recursos para projetos e políticas socioambientais, demonstrando o compromisso do governo com a sustentabilidade. Isso também pode atrair investidores e fundos ESG, diversificando as fontes de financiamento do governo e incentivando práticas mais sustentáveis em políticas e projetos governamentais.

No entanto, é importante notar que a recepção do mercado pode variar dependendo das condições econômicas, das políticas governamentais e da qualidade das emissões individuais de títulos verdes e sustentáveis. Transparência e relatórios rigorosos sobre o uso dos recursos são importantes para manter a confiança dos investidores.

Mercado de Crédito

 

DP-A adoção de critérios no processo de decisão de crédito, pelo sistema financeiro, pode ser um poderoso instrumento indutor de novas práticas pelas empresas tomadoras de crédito. Nesse sentido, as instituições financeiras no Brasil já têm incluído a observância de princípios de Finanças Sustentáveis no processo de decisão da concessão de créditos a empresas? E no exterior, como isso acontece?

VT- A adoção de critérios relacionados à sustentabilidade no processo de decisão de crédito por parte do sistema financeiro tem se expandido globalmente nos últimos anos. Essa prática é uma resposta à crescente conscientização sobre questões ESG (ambientais, sociais e de governança), aos requisitos regulatórios e à demanda do mercado e dos investidores por alocações financeiras mais sustentáveis.

No Brasil, as instituições financeiras também têm avançado nas Finanças Sustentáveis em suas análises de crédito, embora esse movimento esteja em diferentes estágios de maturidade entre as instituições. Critérios ESG são incluídos em suas avaliações de risco de crédito, levando em consideração fatores como as práticas ambientais e sociais das empresas tomadoras do recurso, bem como suas políticas de governança corporativa. Além de um movimento do mercado, isso é também um requisito regulatório[11]. Por exemplo, foi divulgado pela mídia[12] em 2024 que o BNDES bloqueou R$326 milhões em crédito para empreendimentos em áreas com desmatamento ilegal (1% do total do financiamento solicitado ao banco desde fev2023) e que foram suspensas 1.302 operações de empréstimo. Cabe destacar também os avanços na Taxonomia Nacional de Finanças Sustentáveis, que vai ajudar a esclarecer o que é ou não sustentável. Por fim, outras iniciativas também reforçam a alocação de recursos financeiros nessa agenda, como o Plano Decenal 2023-2032 da Estratégia Nacional de Economia de Impacto (Enimpacto)[13].

No exterior, países como os membros da União Europeia (UE) têm avançado significativamente na incorporação de critérios ESG nas decisões de crédito. A UE adotou uma regulamentação conhecida como “Taxonomia” para ajudar a definir o que constitui uma atividade econômica sustentável. Além disso, os bancos europeus estão sujeitos a regulamentações que exigem a divulgação de informações sobre riscos ESG em suas carteiras de crédito e investimentos.

Nos Estados Unidos, embora a regulamentação não seja tão abrangente quanto na UE, há uma crescente conscientização sobre a importância dos critérios ESG. Muitos investidores e instituições financeiras nos EUA estão incorporando análises ESG em suas estratégias de investimento e concessão de crédito.

Em resumo, a inclusão de princípios de Finanças Sustentáveis no processo de decisão de crédito está se tornando uma prática cada vez mais relevante tanto no Brasil quanto no exterior, impulsionada pelo reconhecimento dos riscos e oportunidades associados aos critérios ESG, pela atuação regulatória e pela demanda do mercado e dos investidores por maior transparência e responsabilidade corporativa.

 

Custos da Conformidade Ambiental

 

DP-A implementação de novas práticas de gestão em uma empresa envolve a criação de estruturas específicas e a alteração de processos A adoção dos princípios de Finanças Sustentáveis representam uma elevação de custo para as empresas? Se sim, como as empresas enfrentam isso? Esses custos podem ser compensados de alguma forma?

VT- A implementação das Finanças Sustentáveis pode, inicialmente, envolver custos adicionais para as empresas, especialmente para aquelas que precisam realizar mudanças significativas em suas operações, estruturas e processos para se alinharem com esses princípios. No entanto, é importante destacar que esses custos são frequentemente considerados investimentos a longo prazo que podem trazer benefícios substanciais.

Aqui estão algumas maneiras pelas quais as empresas enfrentam esses  custos:

  1. Realocação de Recursos: As empresas geralmente alocam recursos financeiros para financiar iniciativas sustentáveis. Isso pode incluir investimentos em tecnologias mais limpas, treinamento de funcionários, pesquisa e desenvolvimento de produtos sustentáveis e conformidade com regulamentações ambientais.
  2. Integração nos Processos: À medida que as práticas sustentáveis são integradas aos processos de negócios, elas se tornam parte do funcionamento normal da empresa. Isso pode otimizar operações e, com o tempo, reduzir custos operacionais.
  3. Inovação: A busca por soluções sustentáveis muitas vezes leva à inovação. Empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos sustentáveis podem ganhar uma vantagem competitiva no mercado.
  4. Atratividade para Investidores e Clientes: A adoção de práticas sustentáveis pode atrair investidores que buscam empresas com sólidos princípios ESG. Além disso, os consumidores cada vez mais preferem apoiar empresas que demonstram responsabilidade social e ambiental, o que pode aumentar as receitas.
  5. Redução de Riscos: A incorporação de considerações ESG nas operações pode ajudar a mitigar riscos associados a questões ambientais, sociais e de governança, como multas regulatórias, danos à reputação e litígios.
  6. Incentivos Governamentais: Em alguns casos, governos oferecem incentivos fiscais e subsídios para empresas que adotam práticas sustentáveis, o que pode ajudar a compensar os custos.
  7. Pressão da Concorrência: À medida que mais empresas adotam práticas sustentáveis, a concorrência pode aumentar a pressão sobre outras empresas para seguirem o exemplo.
  8. Acesso a Mercados e Parcerias: Algumas empresas exigem que seus parceiros de negócios adotem padrões ESG. A conformidade pode abrir portas para novos mercados e oportunidades de colaboração.

Em resumo, enquanto a adoção das Finanças Sustentáveis pode inicialmente envolver custos, muitas empresas veem isso como um investimento estratégico que pode gerar retornos financeiros e não financeiros a longo prazo. Além disso, as empresas que adotam práticas sustentáveis podem estar mais bem posicionadas para enfrentar desafios futuros e responder às expectativas dos stakeholders.

 

 

Benefícios da Conformidade Ambiental

 

DP-Neste momento vivemos um momento de transição, em que algumas empresas já incorporaram as práticas de sustentabilidade em seus processos internos, enquanto outras ainda estão se adaptando a esse novo padrão. Quais são os benefícios que a internalização dos princípios ESG no processo produtivo das empresas pode gerar no médio e longo prazos?

VT-A internalização dos princípios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) no processo produtivo das empresas pode gerar uma série de benefícios significativos no médio e longo prazos. Aqui estão alguns dos principais benefícios:

  1. Redução de Riscos: A consideração dos fatores ESG ajuda a identificar e mitigar riscos em várias áreas, como riscos ambientais (mudanças climáticas, regulamentações ambientais), riscos sociais (gestão de talentos, diversidade e inclusão) e riscos de governança (conflitos de interesse, transparência). Isso pode reduzir exposições a litígios, multas e danos à reputação.
  2. Acesso a Capital: Empresas que adotam práticas sustentáveis muitas vezes têm melhor acesso a capital, incluindo investimentos de fundos ESG, títulos verdes e financiamento de instituições financeiras que valorizam critérios ESG. Isso pode reduzir os custos de capital e fornecer mais opções de financiamento.
  3. Vantagem Competitiva: As empresas que incorporam considerações ESG em seus produtos e serviços podem ter uma vantagem competitiva. Os consumidores estão cada vez mais preocupados com questões ambientais e sociais, e as empresas que atendem a essas preocupações podem ganhar participação de mercado.
  4. Inovação: A busca por soluções sustentáveis frequentemente leva à inovação. Empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos sustentáveis podem criar produtos melhores, mais eficientes e ecologicamente corretos.
  5. Reputação e Marca Fortes: A adoção de práticas sustentáveis constrói uma reputação positiva e uma marca forte. Isso pode levar a maior confiança do consumidor, lealdade do cliente e uma base de fãs dedicada.
  6. Atração e Retenção de Talentos: Funcionários valorizam cada vez mais empregadores que demonstram responsabilidade social e ambiental. Empresas com práticas sustentáveis têm mais facilidade em atrair e reter talentos qualificados.
  7. Eficiência Operacional: A adoção de medidas sustentáveis pode melhorar a eficiência operacional, reduzindo desperdícios, consumo de recursos e custos operacionais.
  8. Resiliência a Choques: Empresas que adotam práticas sustentáveis tendem a ser mais resistentes a choques econômicos e desafios, como mudanças regulatórias, flutuações de preços de recursos naturais e interrupções nas cadeias de suprimentos.
  9. Relações com Stakeholders Melhoradas: As partes interessadas, incluindo clientes, investidores, funcionários e comunidades locais, geralmente respondem positivamente quando uma empresa demonstra compromisso com a sustentabilidade. Isso pode fortalecer relacionamentos e criar apoio duradouro.
  10. Alinhamento com a Agenda Global: A internalização dos princípios ESG alinha as empresas com a crescente agenda global de sustentabilidade, o que pode ser essencial para a longevidade dos negócios em um mundo em rápida transformação.

Em resumo, a internalização dos princípios ESG não apenas atende a demandas crescentes por responsabilidade corporativa, mas também pode trazer vantagens competitivas, melhorar a resiliência e contribuir para o sucesso a longo prazo das empresas.

Transparência

 

DP- Em um processo de gestão da mudança, um aspecto sempre importante é a comunicação de como o processo de mudança está ocorrendo no dia-a-dia da organização que a está implementando. Como as empresas podem melhorar a transparência e a prestação de contas em relação às práticas ESG em seus relatórios? Adicionalmente, o que é um relatório de sustentabilidade e qual sua importância?

VT- A transparência e a prestação de contas em relação às práticas ESG são fundamentais para construir a confiança dos stakeholders e demonstrar o compromisso das empresas com a sustentabilidade. Aqui estão algumas maneiras pelas quais as empresas podem melhorar a transparência e a prestação de contas em relação às práticas ESG:

  1. Relatórios de Sustentabilidade: Um relatório de sustentabilidade é uma ferramenta essencial para comunicar as iniciativas e o desempenho ESG de uma empresa. Esse relatório detalha o compromisso da empresa com a sustentabilidade, seus objetivos, métricas de desempenho e progresso ao longo do tempo. Ele deve ser aberto, acessível e fácil de entender para todas as partes interessadas.
  2. Padrões de Relatórios: As empresas podem seguir padrões reconhecidos de relatórios ESG, como o Global Reporting Initiative (GRI) ou o IFRS – International Sustainability Standards Board (ISSB), além das regulamentações nacionais[14]. Esses padrões estabelecem diretrizes claras para a divulgação de informações ESG, tornando os relatórios mais consistentes e comparáveis.
  3. Métricas Claras: Utilização de métricas de desempenho ESG específicas e mensuráveis, como emissões de carbono, diversidade de gênero na equipe de liderança e uso de recursos naturais. Isso torna mais fácil para os stakeholders avaliarem o progresso ao longo do tempo.
  4. Divulgação Regular: A comunicação sobre práticas ESG deve ser contínua e regular. As empresas podem publicar atualizações trimestrais ou anuais em seus sites e em relatórios específicos.
  5. Comunicados de Imprensa: Utilização de comunicados de imprensa para destacar marcos e realizações significativas em relação às práticas ESG. Isso pode incluir metas atingidas, projetos bem-sucedidos e iniciativas inovadoras.
  6. Transparência sobre Desafios: Importante destacar não apenas os sucessos, mas também os desafios e obstáculos encontrados. Isso demonstra um compromisso real com a melhoria contínua.
  7. Envolvimento dos Stakeholders: Diálogos com os stakeholders, incluindo investidores, funcionários, clientes e comunidades locais, para entender suas preocupações e expectativas em relação às práticas ESG. Isso pode ajudar a moldar a comunicação e as estratégias da empresa.

A importância de um relatório de sustentabilidade está relacionada à sua capacidade de fornecer uma narrativa completa sobre como a empresa está gerenciando os fatores ESG. Ele oferece a oportunidade de destacar realizações, metas e progresso em direção a uma maior sustentabilidade. Além disso, um relatório de sustentabilidade ajuda a empresa a:

– Construir Credibilidade: Mostra que a empresa está comprometida com a transparência e a responsabilidade.

– Atrair Investidores: Os investidores ESG consideram relatórios de sustentabilidade ao tomar decisões de investimento.

– Atender a Requisitos Regulatórios: Em muitas jurisdições, a divulgação de informações ESG é obrigatória ou está se tornando obrigatória.

– Melhorar o Desempenho: O processo de preparação do relatório pode levar a melhorias no desempenho ESG à medida que a empresa avalia seus processos e define metas.

– Comunicar com Stakeholders: É uma ferramenta eficaz para se comunicar com clientes, funcionários, fornecedores e outras partes interessadas sobre as práticas da empresa.

Em resumo, um relatório de sustentabilidade bem elaborado é uma parte essencial da estratégia de comunicação e prestação de contas de uma empresa em relação às práticas ESG. Ele ajuda a construir confiança, atrair investidores e demonstrar compromisso com a sustentabilidade, além de atender requisitos regulatórios.

 

 

Papel dos Stakeholders

 

DP- Em toda organização de grande porte, o papel de todas as partes interessadas (stakeholders) é muito importante no processo de mudança de sua atuação. Dessa forma, a gestão da mudança depende do engajamento não só da direção da empresa e de seus acionistas (shareholders), mas também dos fornecedores, colaboradores, clientes e financiadores. Desse modo, qual o papel que as partes interessadas devem desempenhar na promoção e avaliação das práticas ESG em uma empresa?

VT- As partes interessadas desempenham um papel fundamental na promoção e avaliação das práticas ESG em uma empresa. Elas desempenham diferentes papéis ao longo do processo de incorporação das práticas ESG e na sua avaliação contínua. Aqui estão alguns dos principais papéis que as partes interessadas desempenham:

  1. Acionistas (Shareholders):

   – Eles podem votar em questões ESG em assembleias gerais de acionistas.

   – Pressionam a empresa para adotar práticas ESG sólidas, pois isso pode impactar o desempenho financeiro e, consequentemente, o valor das ações. Temos inclusive fundos de investimentos dedicados a esse engajamento no Brasil[15].

   – Podem investir em empresas alinhadas com seus próprios valores e objetivos ESG. Aqui também temos exemplos no Brasil[16].

  1. Clientes:

   – Podem optar por fazer negócios com empresas que têm práticas ESG responsáveis.

   – Demandam transparência e informações sobre as práticas ESG das empresas com as quais fazem negócios.

   – Seu feedback e preferências podem influenciar as decisões das empresas em relação às práticas ESG.

  1. Fornecedores:

   – Podem ser incentivados a adotar padrões ESG semelhantes para manter contratos comerciais com empresas que têm foco em sustentabilidade.

   – São uma parte importante da cadeia de suprimentos e podem influenciar a adoção de práticas responsáveis em toda a cadeia.

  1. Colaboradores:

   – Atraídos por empresas com valores ESG fortes, podem escolher trabalhar em organizações que compartilham esses valores.

   – Desempenham um papel fundamental na implementação das práticas ESG internamente.

   – Podem fornecer feedback valioso sobre o ambiente de trabalho e as iniciativas sociais da empresa.

  1. Financiadores:

   – Instituições financeiras, como bancos e investidores, podem fornecer financiamento com base no desempenho ESG da empresa.

   – Investidores ESG incorporam critérios ESG em suas decisões de investimento, pressionando por maior transparência.

  1. Comunidades Locais:

   – Empresas frequentemente operam em comunidades locais e têm um impacto significativo nelas.

   – As comunidades podem pressionar por práticas responsáveis e se beneficiar das iniciativas sociais das empresas.

  1. Reguladores e Governos:

   – Reguladores podem promulgar leis e regulamentos relacionados a práticas ESG e divulgação de informações.

   – Governos podem usar incentivos fiscais e outros mecanismos para promover a adoção de práticas responsáveis.

  1. ONGs e Sociedade Civil:

   – Organizações não governamentais e grupos da sociedade civil frequentemente desempenham um papel fundamental em monitorar e divulgar informações sobre práticas ESG.

   – Podem pressionar por mudanças e sensibilizar o público para questões específicas.

As partes interessadas desempenham um papel de supervisão, defesa, influência e, em alguns casos, até de colaboração direta na implementação de práticas ESG em uma empresa. Seu envolvimento e pressão podem ser motores poderosos para a adoção de práticas responsáveis e sustentáveis em organizações de todos os tamanhos e setores. Portanto, a colaboração com todas as partes interessadas é essencial para o sucesso das iniciativas ESG de uma empresa.

Desafios da Mudança

 

DP-Toda transição de um modo de produção para outro em uma empresa envolve custos e mudança de visão de todos os stakeholders. Eventualmente a necessidade da mudança já está compreendida no âmbito interno da empresa, mas o convencimento de fornecedores e até de clientes pode representar um desafio tão grande ou maior do que o convencimento dos atores internos. Quais desafios você vê que as empresas vão enfrentar na adoção e implementação eficaz de práticas de Finanças Sustentáveis, em especial com seus fornecedores e clientes?

VT- A adoção e implementação eficaz de práticas de Finanças Sustentáveis ​​podem, de fato, enfrentar desafios significativos quando se trata de envolver fornecedores e clientes. Aqui estão alguns dos desafios mais comuns que as empresas podem enfrentar nesse processo:

  1. Resistência à Mudança: A mudança para práticas sustentáveis ​​pode ser percebida como disruptiva, e tanto fornecedores quanto clientes podem resistir a alterações em processos estabelecidos.
  2. Custos Iniciais: A implementação de práticas sustentáveis ​​pode exigir investimentos iniciais em tecnologia, treinamento e infraestrutura, o que pode ser um obstáculo financeiro para algumas partes interessadas.
  3. Fornecedores Não-Preparados: Nem todos os fornecedores podem estar prontos para adotar práticas sustentáveis, seja devido a limitações tecnológicas, falta de conscientização ou recursos limitados.
  4. Coordenação da Cadeia de Suprimentos: Garantir que toda a cadeia de suprimentos esteja alinhada com práticas sustentáveis ​​pode ser complexo, especialmente em organizações com cadeias globais.
  5. Divergência de Objetivos: Os fornecedores podem ter prioridades diferentes das empresas em relação à sustentabilidade, o que pode levar a conflitos de interesses.
  6. Expectativas dos Clientes: A adesão a práticas sustentáveis ​​pode ser vista como um diferencial pelos clientes, mas também pode criar expectativas mais altas em relação ao desempenho da empresa.
  7. Comunicação Eficaz: Comunicar as iniciativas sustentáveis ​​de forma eficaz para os clientes e demonstrar valor agregado pode ser um desafio.
  8. Medição e Relatórios: Fornecer evidências claras e transparentes do compromisso da empresa com práticas sustentáveis, por meio de relatórios e métricas, pode ser complexo.
  9. Educação e Conscientização: Tanto fornecedores quanto clientes podem precisar de educação e conscientização sobre a importância e os benefícios das práticas sustentáveis.

Para superar esses desafios, as empresas podem adotar estratégias como:

– Engajamento Contínuo: Envolver fornecedores e clientes desde o início, comunicando os benefícios das práticas sustentáveis ​​e ouvindo suas preocupações.

– Incentivos e Parcerias: Oferecer incentivos financeiros ou parcerias estratégicas para ajudar os fornecedores a adotar práticas sustentáveis.

– Padronização: Trabalhar para estabelecer padrões da indústria em práticas sustentáveis ​​para criar uma base comum para todos os participantes.

– Treinamento e Capacitação: Fornecer treinamento e recursos para capacitar fornecedores a adotar práticas sustentáveis.

– Comunicação Transparente: Manter uma comunicação transparente com clientes sobre os esforços de sustentabilidade da empresa e resultados alcançados.

– Medição e Relatórios Sólidos: Desenvolver sistemas sólidos de medição e relatórios para documentar e comunicar o progresso em relação às metas de sustentabilidade.

– Monitoramento e Auditorias: Realizar auditorias e monitorar o cumprimento de práticas sustentáveis ​​ao longo da cadeia de suprimentos.

Embora os desafios possam ser significativos, a crescente conscientização sobre questões de sustentabilidade e a pressão dos investidores e consumidores estão incentivando cada vez mais empresas a adotar práticas sustentáveis. À medida que a sustentabilidade se torna uma expectativa comum, o alinhamento com essas práticas pode se tornar uma vantagem competitiva e uma forma de mitigar riscos para as empresas e suas partes interessadas.

Cenário Internacional

 

DP-Vivemos dias de muita turbulência no cenário internacional. A ascensão econômica da China, a adoção do nearshoring pelas nações industrializadas do ocidente, a guerra na Ucrânia e o conflito entre Israel e Hamas estão gerando incertezas quanto ao fluxo de insumos que garantem a produção econômica e o modo de vida ocidental. Tudo isso deverá interferir fortemente nos processos decisórios das empresas. Como essas mudanças políticas e econômicas internacionais podem afetar (ou já estão afetando) a implementação das Finanças Sustentáveis nas empresas?

VT- A turbulência no cenário internacional, incluindo conflitos e instabilidades políticas e econômicas, pode afetar a implementação das Finanças Sustentáveis nas empresas de várias maneiras:

  1. Riscos Geopolíticos: Conflitos e instabilidades podem aumentar os riscos geopolíticos, afetando a cadeia de suprimentos e a operação de empresas multinacionais. Isso pode levar as empresas a considerar outros fatores, como a diversificação da cadeia de suprimentos para reduzir riscos.
  2. Regulamentações em Mudança: Instabilidades geopolíticas muitas vezes levam a mudanças nas regulamentações comerciais e ambientais. As empresas precisam se adaptar a essas mudanças e garantir que estejam em conformidade com as novas normas ESG.
  3. Aumento do Foco em S: Conflitos e crises podem aumentar a conscientização sobre questões sociais, como direitos humanos e igualdade, levando a uma pressão pública e regulatória maior sobre empresas para abordar essas questões em suas operações.
  4. Escassez de Recursos e Mudanças Climáticas: Conflitos podem agravar problemas como escassez de recursos naturais e mudanças climáticas, forçando empresas a considerar a sustentabilidade de suas operações e investimentos.
  5. Resiliência e Continuidade dos Negócios: Instabilidades destacam a importância da resiliência e da continuidade dos negócios. Empresas que incorporam práticas ESG são geralmente mais bem preparadas para enfrentar esses desafios.

Em resumo, a implementação das Finanças Sustentáveis nas empresas pode se tornar ainda mais crucial em um ambiente global volátil, ajudando-as a gerenciar riscos, cumprir regulamentações em evolução e atender às expectativas crescentes de partes interessadas.

Tendências

 

DP-Nos últimos tempos, os diversos conceitos e iniciativas da área de meio ambiente, estão experimentando processos de amadurecimento e inovação. Quais são as perspectivas em relação às Finanças Sustentáveis e como essas tendências devem impactar as estratégias das empresas nos próximos anos?

VT- As perspectivas em relação às Finanças Sustentáveis são promissoras, e espera-se que continuem a evoluir e impactar significativamente as estratégias das empresas nos próximos anos. Aqui estão algumas tendências e perspectivas relevantes:

  1. Maior Integração ESG: A integração de fatores ESG nas operações e decisões de investimento deve se tornar ainda mais profunda. As empresas provavelmente adotarão estratégias mais holísticas para abordar questões ESG em toda a cadeia de valor.
  2. Aprimoramento de Métricas e Relatórios: Espera-se que haja uma melhoria contínua nas métricas ESG e na qualidade dos relatórios de sustentabilidade. Isso proporcionará às empresas e aos investidores informações mais precisas e úteis para avaliar o desempenho sustentável.
  3. Regulamentações Mais Rígidas: As regulamentações relacionadas a questões ESG provavelmente se tornarão mais rigorosas em muitas jurisdições. As empresas precisarão estar preparadas para cumprir essas normas e relatar suas práticas de maneira transparente.
  4. Investimentos Sustentáveis em Crescimento: A demanda por investimentos sustentáveis, como títulos verdes e sociais, deve continuar a crescer à medida que mais investidores buscam alinhar seus portfólios com objetivos ESG.
  5. Inovação Tecnológica: A tecnologia desempenhará um papel fundamental nas Finanças Sustentáveis, ajudando na coleta de dados ESG, automação de relatórios e análises avançadas para avaliar riscos e oportunidades.
  6. Pressão dos Stakeholders: Investidores, consumidores, funcionários e reguladores exercerão pressão crescente sobre as empresas para que adotem práticas sustentáveis. As empresas que não se adaptarem podem enfrentar riscos reputacionais e de mercado.
  7. Abordagem de Longo Prazo: As estratégias de Finanças Sustentáveis estão cada vez mais alinhadas com uma abordagem de longo prazo. As empresas estão reconhecendo que a sustentabilidade é essencial para a resiliência e o sucesso a longo prazo.
  8. Foco em Justiça Social: Além de questões ambientais, a justiça social está se tornando uma prioridade crescente nas estratégias de Finanças Sustentáveis. As empresas estão se esforçando para abordar questões como diversidade, equidade e inclusão.
  9. Transição para uma Economia de Baixo Carbono: À medida que os esforços globais para combater as mudanças climáticas se intensificam, as empresas estão se adaptando a uma economia de baixo carbono. Isso inclui a transição para fontes de energia mais limpas e práticas de produção sustentáveis.
  10. Mudanças no Setor Financeiro: O setor financeiro está passando por uma transformação significativa em direção a práticas mais sustentáveis, com instituições financeiras desenvolvendo produtos e serviços específicos para Finanças Sustentáveis.

Certamente, é importante mencionar também o movimento de retrocesso nos Estados Unidos, conhecido como “ESG Backlash”[17], que teve impactos significativos no cenário das Finanças Sustentáveis. Isso se encaixa na tendência futura para o tema, destacando a complexidade e as dinâmicas em jogo.

O “ESG Backlash” envolveu a reversão de várias políticas e regulamentações relacionadas a questões ESG durante a administração anterior nos Estados Unidos. Isso gerou incerteza sobre o futuro das Finanças Sustentáveis no país e afetou a forma como as empresas e os investidores abordaram essas questões.

Essa reação demonstrou que as Finanças Sustentáveis não são imunes a mudanças políticas e regulatórias, e a tendência futura pode incluir flutuações na trajetória das políticas ESG, dependendo do ambiente político em diferentes regiões.

Portanto, a tendência para as Finanças Sustentáveis envolve não apenas o progresso contínuo, mas também a necessidade de se adaptar a contextos políticos variáveis e de manter um compromisso resiliente com os princípios ESG, mesmo em face de desafios políticos. Essa complexidade reflete a dinâmica em evolução das Finanças Sustentáveis à medida que se expandem globalmente.

Finanças Sustentáveis e o Setor Público

 

DP-Pelo que vimos até agora nesta entrevista, os princípios das Finanças Sustentáveis são um conjunto de boas práticas a serem implementadas por empresas. Mas diante dessa constatação, qual o papel que o setor público deve desempenhar para potencializar sua implementação? No plano federal, qual o papel que a CVM – Comissão de Valores Mobiliários – que acompanha as empresas, públicas e privadas, listadas na B3 – tem desempenhado nesse processo? E os estados e municípios, como podem impulsionar o tema em seus respectivos espaços de competência? Por fim, até que ponto as empresas estatais, nas três esferas do setor público, já estão engajadas nessa temática?

VT- O setor público desempenha um papel fundamental no impulso e regulamentação das Finanças Sustentáveis. Isso ocorre em várias esferas:

  1. Regulação e Supervisão: As entidades reguladoras, como a CVM no Brasil, têm a responsabilidade de estabelecer diretrizes e regulamentações que incentivam a transparência e a divulgação de informações ESG pelas empresas de capital aberto. Essas regulamentações podem variar desde a exigência de divulgações específicas até a definição de padrões de relatórios. Esse movimento já está ocorrendo e deixo aqui[18] alguns links para maiores informações.
  2. Incentivos Fiscais e Financeiros: O governo pode oferecer incentivos fiscais e financeiros para empresas que adotam práticas sustentáveis, como créditos fiscais para investimentos em projetos ambientais ou linhas de financiamento com taxas de juros favoráveis para iniciativas sustentáveis.
  3. Normas e Padrões: As esferas estaduais e municipais também desempenham um papel importante na promoção das Finanças Sustentáveis, criando regulamentos específicos e estabelecendo normas para empresas que operam em seus territórios.
  4. Empresas Estatais: As empresas estatais, sejam elas federais, estaduais ou municipais, têm a responsabilidade de liderar pelo exemplo. Muitas delas já estão engajadas na implementação de práticas sustentáveis em suas operações e na divulgação de informações ESG.
  5. Educação e Conscientização: O setor público também pode desempenhar um papel importante na educação e conscientização do público em geral sobre as questões ESG, ajudando a aumentar a demanda por práticas sustentáveis.

Portanto, o setor público desempenha um papel crucial na criação de um ambiente propício para as Finanças Sustentáveis, incentivando empresas a adotar melhores práticas e fornecendo estrutura regulatória para garantir a integridade dessas práticas. No entanto, o engajamento e a colaboração entre o setor público, empresas e a sociedade civil são essenciais para impulsionar efetivamente esse processo de mudança.

Fontes de Informação

 

DP-Dra Viviane, caso algum dos nossos leitores queira se aprofundar no conhecimento sobre Finanças Sustentáveis, quais as fontes de conhecimento ele deverá consultar, ou qual a trilha de conhecimento que deverá percorrer?

VT- Para alguém que queira se aprofundar no conhecimento sobre Finanças Sustentáveis, existem várias fontes e recursos disponíveis. Aqui está uma trilha de conhecimento que pode ser útil:

  1. Leituras Iniciais:

   – “Sustainable Investing: The Art of Long-Term Performance” de Cary Krosinsky e Nick Robins.

– “Principles of Sustainable Finance” de Willem Schramade e Dirk Schoenmaker.

  1. Cursos:

   – Muitas universidades e instituições oferecem cursos online gratuitos sobre Finanças Sustentáveis. A plataforma Coursera também oferece muitos cursos relacionados.

– Dentre os cursos pagos, algumas referências: cursos da Smith School of the Enterprise and the Environment- University of Oxford, do Cambridge Institute for Sustainable Leadership (CISL); do Columbia Earth Institute e cursos com Lisa Sachs; da Stanford University etc.

– Alternativas nacionais: comigo como professora, há as opções de “Finanças Sustentáveis”, na FDC[19]; “ESG e Gestão Responsável”, na FIA[20] (dentre outros cursos); e “Finanças Sustentáveis e Ferramentas ESG para a Infraestrutura Brasileira” na “CERTIFICAÇÃO AVANÇADA em Infraestrutura para o Desenvolvimento Sustentável”, da ENAP[21] (curso com turmas periódicas). O GVCes (FGV) também tem ótimas alternativas com a professora Annelise Vendramini, como referência no tema. Na FACC UFRJ, o professor Luan Santos, e no Coppead, o professor Celso Funcia Lemme. Na UFBA, o professor Antônio Francisco de Almeida da Silva Junior. Essa lista não é exaustiva, claro, felizmente estamos crescendo em profissionais e alternativas de capacitação.

  1. Relatórios e Guias:

   – Materiais de organizações como o Global Sustainable Investment Alliance (GSIA), Principles for Responsible Investment (PRI) e Global Reporting Initiative (GRI), Global Impact Investing (GIIN) oferecem informações atualizadas sobre tendências e práticas de Finanças Sustentáveis.

  1. Bibliotecas Online:

   – Plataformas como o SSRN (Social Science Research Network), o ResearchGate e o Academia têm uma ampla gama de artigos acadêmicos e pesquisas sobre Finanças Sustentáveis.

  1. Participação em Eventos e Conferências:

   – Participar de conferências e eventos relacionados a Finanças Sustentáveis pode proporcionar insights valiosos e oportunidades de networking. Destaque para o evento anual da GRASFI[22] e o PRI in Person. Demais sugestões aqui[23].

  1. Redes Sociais e Fóruns:

   – Participar de grupos e fóruns online relacionados a Finanças Sustentáveis, como o LinkedIn, pode ser uma maneira eficaz de acompanhar as discussões mais recentes e fazer conexões com outros profissionais na área. Vincular-se à BRASFI[24] (Aliança Brasileira para Finanças e Investimentos Sustentáveis) também pode ser uma boa alternativa para networking e refinamento do conhecimento e fluxo de informações

  1. Certificações Profissionais:

   – Considerar a obtenção de certificações reconhecidas na área de Finanças Sustentáveis, como a Certificação de Analista ESG (CFA ESG) ou a Certificação em Investimento Sustentável e Finanças (SIF) pode ser uma ótima maneira de validar seu conhecimento.

  1. Acompanhar Notícias e Tendências:

   – Ficar atualizado com as notícias e tendências em Finanças Sustentáveis por meio de fontes confiáveis, como o Financial Times, Bloomberg Green e o site da Global Impact Investing Network (GIIN).

Importante lembrar que o campo de Finanças Sustentáveis está em constante evolução, portanto, é importante continuar aprendendo e se atualizando regularmente para estar ciente das últimas práticas e tendências. Além disso, a aplicação prática por meio de estágios ou projetos em organizações que praticam Finanças Sustentáveis pode ser uma maneira valiosa de ganhar experiência.

 

 

Viviane Helena Torinelli

www.vivianetorinelli.com.br / [email protected]

Profissional de finanças sustentáveis, com ênfase em governança corporativa. Mais de 20 anos de experiência nos setores público e privado, incluindo áreas de sustentabilidade e relação com investidores, gestão de riscos e compliance, auditoria interna e externa, M&A, due diligence e controladoria. Atuação no Brasil e no exterior.

Professora-convidada de Finanças Sustentáveis na FDC- Fundação Dom Cabral, na Fundação Instituto de Administração (FIA) e na ENAP- Escola Nacional de Administração Pública. Palestrante para Finanças Sustentáveis na University of Oxford- Smith School (SSEE), com aulas dadas também no MFin da Cambridge Judge Business School, na GOA Management School (India) e na FGV EESP. Cofundadora e membro da Aliança Brasileira para Finanças e Investimentos Sustentáveis (BRASFI). Co-Chair da GBSN for Sustainable Finance & ESG Investment Impact Community.

Doutora com a tese “Gestão de risco ambiental e climático: um framework para uma gestão resiliente das reservas internacionais pelos bancos centrais”, no âmbito do Programa de Pós-Graduação do Banco Central do Brasil (BCB). Atualmente, analista dedicada ao desenvolvimento da inteligência transversal para sustentabilidade no Banco Central do Brasil, com ênfase técnica no encontro dessa agenda com tecnologias inovadoras (ex.: blockchain, AI, IoT e sensores).

Dalmo Jorge Lima Palmeira

[email protected]

Mestrando em Políticas Públicas e Desenvolvimento pelo IPEA, Economista, integrante da carreira de Analista de Planejamento e Orçamento, do Ministério do Planejamento e Orçamento , ocupou diversos cargos na Administração Pública, dentre os quais Gerente de Projetos na Secretaria de Orçamento Federal – SOF e Assessor em Economia e Finanças Públicas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Foi também Consultor Residente do Fundo Monetário Internacional – FMI, membro do Conselho Fiscal do BRB, Secretário Adjunto de Planejamento e Orçamento do Governo do Distrito Federal – GDF e Chefe da Unidade de Coordenação das Empresas Estatais do Distrito Federal – UCEST-DF. Atualmente é Assessor Parlamentar no Senado Federal.

 

 

Referências

 

 

[1] https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf 

[2] https://finance.ec.europa.eu/sustainable-finance/overview-sustainable-finance_en

[3] https://ideas.repec.org/a/bla/bstrat/v30y2021i8p3821-3838.html

[4] https://www.unpri.org/about-us/about-the-pri

[5] Seção “normas sobre o assunto” em https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sustentabilidade

[6] https://www.gov.br/cvm/pt-br/assuntos/financas-sustentaveis

[7] A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desempenha um papel importante na padronização e regulamentação de práticas de relatórios e métricas relacionadas à sustentabilidade no contexto brasileiro. Embora as diretrizes da ABNT não sejam especificamente dedicadas às métricas ESG, elas podem ser aplicadas de maneira relevante. Aqui estão alguns pontos em que a ABNT pode ser uma referência:

  1. Relatórios de Sustentabilidade: A ABNT NBR ISO 26000 fornece orientações sobre responsabilidade social e sustentabilidade. Ela pode ser usada para estruturar relatórios de sustentabilidade, destacando aspectos sociais, ambientais e de governança.
  1. Gestão Ambiental: A ABNT NBR ISO 14001 estabelece padrões para sistemas de gestão ambiental, incluindo métricas e requisitos para a medição e melhoria do desempenho ambiental.
  1. Gestão da Qualidade: A ABNT NBR ISO 9001 inclui diretrizes para o estabelecimento de sistemas de gestão da qualidade, que podem ser relevantes para aspectos de governança corporativa.
  1. Segurança no Trabalho: A ABNT NBR ISO 45001 fornece padrões para sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional, incluindo métricas relacionadas à segurança no trabalho.
  1. Gestão de Riscos: A ABNT NBR ISO 31000 estabelece princípios e diretrizes para a gestão de riscos, incluindo riscos ambientais e de governança.
  1. Relatórios Financeiros: Embora não seja diretamente relacionada ao ESG, a ABNT NBR 16599 estabelece padrões para relatórios financeiros de organizações.
  1. Indicadores de Desempenho: A ABNT pode ser uma referência para a padronização de indicadores de desempenho em relatórios ESG, garantindo a consistência e comparabilidade dos dados.

É importante ressaltar que as normas da ABNT podem servir como diretrizes gerais e práticas recomendadas, mas o campo de métricas ESG é amplamente influenciado por padrões globais e iniciativas internacionais. Portanto, muitas empresas que atuam globalmente podem adotar padrões internacionais mais amplamente reconhecidos, como as mencionadas anteriormente (GHG Protocol, SASB, TCFD, GRI), para complementar ou fortalecer suas práticas de relatórios e métricas ESG. A escolha entre diretrizes da ABNT e padrões internacionais dependerá da estratégia e dos objetivos de relatórios de cada empresa.

[8] https://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-sustentabilidade/

[9] https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/noticias/brasil-anuncia-resultado-de-sua-primeira-emissao-de-titulo-sustentavel-em-dolares#

[10] https://www.reuters.com/sustainability/sustainable-finance-reporting/brazil-prices-2-bln-first-ever-esg-bond-65-yield-source-2023-11-13/

[11] https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sustentabilidade e https://www.gov.br/cvm/pt-br/assuntos/financas-sustentaveis

[12] https://www.estadao.com.br/amp/politica/coluna-do-estadao/bndes-bloqueia-r-326-milhoes-em-emprestimos-em-areas-com-desmatamento-ilegal/

[13] https://www.gov.br/participamaisbrasil/plano-decenal-2023-2032-da-estrategia-nacional-de-economia-de-impacto-enimpacto

[14] https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sustentabilidade e https://www.gov.br/cvm/pt-br/assuntos/financas-sustentaveis

[15] https://valor.globo.com/financas/noticia/2023/11/08/fama-investimentos-cria-fundo-ativista-socioambiental.ghtml e https://braziljournal.com/fama-cria-fundo-para-ir-atras-das-empresas-irresponsaveis/

[16] https://voxcapital.com.br/vox-desenvolvimento-sustentavel/https://www.anbima.com.br/pt_br/especial/fundos-esg.htm; https://exame.com/esg/economatica-lanca-analise-de-fundos-esg/; https://einvestidor.estadao.com.br/investimentos/esg-anbima-identifica-22-fundos-sustentabilidade/

[17] https://www.ft.com/content/a76c7feb-7fa5-43d6-8e20-b4e4967991e7; https://www.forbes.com/sites/edwardsegal/2023/09/25/how-the-backlash-to-esg-can-create-a-crisis-for-companies/?sh=101afd378023

[18] https://www.gov.br/cvm/pt-br/assuntos/financas-sustentaveishttps://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sustentabilidade e https://www.gov.br/susep/pt-br/central-de-conteudos/noticias/2022/novembro/susep-publica-marco-regulatorio-de-sustentabilidade

[19] https://store.fdc.org.br/financas-sustentaveis

[20] https://www.fiaonline.com.br/pos/esg-gestao-responsavel

[21] https://suap.enap.gov.br/vitrine/curso/1920/?area=17

[22] https://sustainablefinancealliance.org/

[23] https://www.linkedin.com/posts/viviane-helena-torinelli_about-climate-hub-360-activity-7149030378412961792-PcQD?utm_source=share&utm_medium=member_desktop

[24] https://linktr.ee/brasfi